Desde a colonização do Brasil há 500 anos, os povos indígenas viveram uma historia difícil e complicada. Nada menos de cinco séculos de massacres e de torturas, sem esquecer as novas doenças importadas durante a invasão das suas terras ancestrais. Por consequência, os indígenas foram explorados a todos os níveis e tornaram-se numa força de trabalho barato pois muitos trabalharam em condições de escravidão.
Numerosos povos foram totalmente exterminados depois da chegada dos europeus. Estima-se que nessa época, existiam cerca de 6 milhões de índios no Brasil. Sabendo que o seu numero atual é de menos de um milhão – cerca de 900 000 – pode-se falar de um verdadeiro genocídio. Todos esses povos desaparecidos são tantas línguas indígenas que foram perdidas, tantos de modos de vida diferentes que desapareceram e que foram apagados do nosso planeta para sempre.
A maioria dos povos indígenas do Brasil vive da caça, da pesca, da colheita e da agricultura. Apenas os grupos “isolados” e não “contactados” são totalmente nómadas e vivem exclusivamente da caça e da colheita.
O primeiro contacto com as sociedades envolventes varia de um povo a outro : Os Guarani, das terras áridas do sul do Brasil, estão em contacto com os brancos desde 500 anos. Quanto aos Yanomami, eles foram contactados por volta dos anos 1960 e outros povos ainda não tiveram nunca o mínimo contacto com a sociedade envolvente. Estima-se que cerca de 60 povos continuem totalmente isolados no Brasil, o que faz que seja o país que conte mais em todo o mundo.
Hoje em dia, o Brasil conta menos de um milhão de indígenas, repartidos em 241 grupos espalhados em todas as regiões desse vasto país. O tamanho dos povos indígenas varia de dezenas de indivíduos, por exemplo os Akuntsu e os Kanoế.
Uma parte da sociedade brasileira e um bom numero de políticos têm muitos preconceitos em relação aos indígenas : alguns são mesmo racistas. De facto, os povos indígenas são mostrados como sendo um travão ao desenvolvimento económico e considerados como ladrões desde que eles reclamem o seu direito às suas terras ancestrais.
Hoje as terras estão nas mãos de proprietários e são exploradas no quadro de projetos industriais, por exemplo para a construção de barragens hidroelétricas (Belo Monte,…) ou então são invadidas por mineiros, pescadores e caçadores ilegais ou então por colonos.
Esse contacto não esclarecido tem consequências drásticas para os indígenas: muitas vezes, morrem de doenças transmitidas pelos invasores, de má nutrição porque são privados dos seus territórios de caça ou então pela violência exercida pelos fazendeiros e “proprietários” de terrenos que estão dispostos a tudo para correr com os indígenas das suas terras. A malária, a diarreia ou ainda a gripe, são autênticos flagelos contra os quais os indígenas não estão preparados e necessitam de cuidados especiais.
A Constituição Brasileira de 1988 reconhece aos povos indígenas o direito de dispor das suas terras ancestrais e bom numero desses territórios foram demarcados e homologados nos últimos anos. Para além disso, a educação indígena diferenciada adaptada a cada povo é um direito reconhecido pela legislação brasileira. Infelizmente, a teoria não é sempre colocada em pratica pois a maioria dessas terras indígenas demarcadas são regularmente pilhadas por invasores.
O futuro nos dirá se Dilma Roussef escutará as reivindicações dos povos indígenas e respeitará os seus direitos fundamentais durante o seu segundo mandato como Presidente do Brasil.
Fontes:
http://www.survivalfrance.org/peuples/bresil
http://pib.socioambiental.org/pt/c/quadro-geral